
“Para apreender a essência do teatro, não se poderia negligenciar aquele que, por sua presença muda, permite a comunicação teatral: o espectador. Atrás de uma vacuidade aparente, ele desenvolve uma intensa atividade interior: atividade auditiva e visual através da qual percebe um conjunto de sinais ou, antes, de indícios a interpretar (formas, cores, movimentos, sonoplastia, etc.) e, nas formas teatrais contemporâneas, pode até mesmo acontecer que sejam requeridos o tato (contato com os atores, com objetos, etc.) e o olfato (perfumes, incenso, etc.); atividade da imaginação, que suscita a “participação" pelo riso (comédia) ou pela identificação a uma imagem idealizada dele próprio (tragédia). Mas, num certo grau de cultura teatral, a referência moral não conta mais; referências estéticas vêm apoiar a participação.